O transplante de órgãos é sem duvida um dos maiores avanços da medicina do século XX, mas só é possível com a doação de órgãos e tecidos.
Temos em nosso país a Lei 9434, que regulamenta o processo da doação e do transplante. Um amplo diálogo com a sociedade tornará essa realidade possível. Um diálogo livre e esclarecedor que permita que cada um conheça o processo e de forma autônoma possa fazer sua escolha.
As 10 Perguntas mais Frequentes sobre Doação de Órgãos:
1- È difícil ser um doador?
Não. É muito fácil e não exige nenhuma burocracia. Basta você conversar com os seus familiares e deixar bem claro a sua vontade de doar os órgãos. Não há necessidade de deixar nenhum documento assinado, pois os órgãos somente são doados com a autorização expressa dos familiares.
2- Se no momento da minha morte os meus familiares não assinarem o termo de doação de órgãos, mesmo que eu tenha manifestado em vida a minha vontade, o que acontecerá com os meus órgãos?
Nada. Ninguém irá retira-los, pois os seus familiares não concordaram com a doação. Por esse motivo, é muito importante que os seus familiares diretos estejam bem esclarecidos da sua vontade. Quando isto acontece, ela é sempre respeitada.
3- Qual a diferença entre morte encefálica e coma? Quem está em coma pode doar órgãos?
A morte encefálica, comumente conhecida como morte cerebral, representa a perda irreversível das funções vitais que mantêm a vida, como perda da consciência e da capacidade de respirar, o que significa que o individuo está morto. O coração permanece batendo por pouco tempo e é neste período que os órgãos podem ser utilizados para transplante. O coma representa uma lesão cerebral grave, mas que pode ser reversível e portanto, o paciente não é doador de órgãos. A morte encefálica também não deve ser confundida com o estado vegetativo persistente, em que o paciente tem uma lesão cerebral, permanece em coma por meses ou anos, mas mantém a capacidade de respirar.
No entanto, se o indivíduo em coma ou estado vegetativo persistente evoluir para um quadro de morte encefálica, que é irreversível poderá se tornar um doador.
4- É muito difícil fazer o diagnóstico diferencial entre morte encefálica e coma?
Não. Por meio de exame clínico é possível fazer o diagnóstico de cada um deles. Esse é um processo frequente e muito seguro no Brasil, que possui um dos protocolos de morte encefálica mais rígidos do mundo. No nosso país, a morte encefálica precisa ser confirmada por dois médicos especialistas e por exames específicos, o que torna o diagnóstico seguro.
5- Como os órgãos são distribuídos? Existe uma fila dos receptores de órgãos?
Todo paciente que necessita de um transplante precisa obrigatoriamente estar inscrito em uma Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde distribuída pelos diferentes estados do Brasil. No registro são colocados os dados do candidato ao transplante e, a partir de então ele aguarda por um órgão que seja compatível com as suas características.
As filas são controladas pelas Centrais de Transplantes de tal forma que os critérios médicos e ordem de inscrição são totalmente respeitados. Portanto a fila de espera por um órgão não funciona unicamente por ordem de inscrição. Primeiro, o órgão precisa ser compatível com o receptor. Depois é selecionado, daqueles compatíveis, quem tem maior tempo de espera na lista. Para isso, se conta com um programa de computador que faz a distribuição dos órgãos de forma muito bem determinada.
6- Os órgãos podem ser vendidos? Quanto custa cada um deles?
Não! Qualquer manifestação de vender ou comprar órgãos é crime. Nenhum transplante de órgãos é realizado no Brasil sem o conhecimento das Centrais de Transplantes das Secretarias de Estado da Saúde, portanto esta possibilidade não ocorre. Doação é um ato de livre e espontânea vontade e de amor ao próximo.
7- Noticias sobre pessoas que foram sequestradas e tiveram os seus órgãos retirados têm fundamento?
Não. O transplante é uma operação muito delicada e realizada somente em Centro Cirúrgico e em Hospitais Especializados. Os órgãos são distribuídos para estes hospitais pelas Centrais de Transplantes. Portanto, estas notícias são completamente infundadas e prestam total desserviços à população.
8- Quais os órgãos podem ser doados em vida e quais podem ser doados após a morte?
A falta de doadores falecidos faz com que se utilize a doação intervivos. Nesse caso, é possível doar um dos rins, que é o transplante intervivos mais comum. Em situações especiais pode se doar parte do fígado ou do pulmão.
Do doador falecido podem ser retirados para transplante: 2 córneas, 2 rins, 2 pulmões, fígado, coração, pâncreas, intestino, pele, ossos e tendões. Um único doador pode salvar muitas vidas.
9- Todo indivíduo em morte encefálica é doador? Conheço famílias que doaram, mas os órgãos não foram utilizados. Isto é possível?
Sim. Há casos em que as famílias querem doar, concordam com a doação, mas os órgãos não podem ser utilizados. Isso acontece se o doador for portador de doença infecto-contagiosa, tiver permanecido por tempo prolongado em choque ou tiver diagnóstico de câncer. Em situações raras, a distância entre doador e receptor pode comprometer a qualidade de preservação do órgão.
Nestas situações, as famílias são comunicadas sobre o motivo da recusa dos órgãos e não devem ficar aborrecidas, pois a vontade do doador foi totalmente respeitada.
10- Como fica o corpo do doador após a retirada de múltiplos órgãos? Fica muito deformado?
A retirada de órgãos é um procedimento cirúrgico muito delicado, que não causa a mutilação do corpo. São retirados apenas os órgãos para ser transplantadas, como se fosse uma cirurgia de rotina, após a qual o corpo é liberado aos familiares para o sepultamento.
Fonte: Associação Brasileira de Órgãos. www.abto.org.br